terça-feira, 8 de agosto de 2017

Entre a graça e o preconceito

Olá a todos! Lendo um texto sobre piadas preconceituosas tendo como personagens centrais os descendentes de asiáticos resolvi escrever algo sobre o assunto. Quem nunca ouviu (ou até mesmo contou) e riu com semelhantes 'gracejos'? O caso mais recente foi o do apresentador Raul Gil que se usou desse conteúdo e foi bombardeado pela opinião pública com críticas negativas ao fato.


Muitas delas estão enraizadas no nosso subconsciente mas com certeza os nissei e também descendentes de chineses, coreanos e outros com certeza já se cansaram de ouvi-las. Acho válida a campanha que se formou em torno do assunto. Já havia sido discutido quando da exibição da novela Sol Nascente, onde havia um núcleo nipônico. Dois problemas surgiram: o ator que fazia Kazuo Tanaka, o pai da protagonista, (Luis Melo) não era japonês e/ou descendente e muito menos a protagonista Alice (Giovanna Antonelli) o era. Claro que surgiu uma solução: Tanaka era filho de um americano e Alice não era filha biológica dele. Alegou-se que não havia atores que oferecessem o devido respaldo para os personagens. Claro que isso foi uma desculpa esfarrapada (que fique claro que acho os dois ótimos atores): existem vários atores nissei por aí mas pouquíssimos são chamados pra papeis além de orientais. Claro que eles não vão apagar suas características (e por o fariam?) por um papel porém porque não se dão mais oportunidade a eles? Quase não vemos atores e atrizes de olhos puxados na TV e no cinema.


Enfim, vamos a algumas expressões usadas (não necessariamente) como 'piadas' relacionadas às etnias. Não só os filhos, netos, bisnetos dos orientais são alvo: os negros tem que ouvir a todo momento coisas desagradáveis sob uma capa de comicidade desde sempre (tudo ainda fruto dos mais de 300 anos de escravidão no Brasil); piadas de português é só o que tem e o repertório é grande; quem é branco e louro é sempre chamado de polaco ou alemão mesmo que não pertença a essas etnias. Índios também acabam sendo vítimas de tal comportamento. Mesmo que se diga algo como 'todo mundo faz isso' temos que tomar cuidado. Quanta gente já não ouviu coisas do tipo:

Abre o olho, japa (ou china)!/Pastel de flango
Ô alemão/polaco... (várias continuações possíveis de frase)
Ei, croulo/a... (várias continuações possíveis de frase)

E por aí vai! Afora essas expressões supracitadas sempre tem alguém pra destilar ignorância sobre esse ou aquele. É mais fácil criticar e rechaçar o outro que conhecer (ou pelo menos tentar conhecer). Em época de politicamente correto não dá pra expressar nossas opiniões sem sermos tachados de preconceituosos mesmo quando não o estamos sendo (ao menos não conscientemente). Isso nos tolhe, mas nossa liberdade termina onde começa a do outro. Muitas vezes temos de calcular o que vamos dizer pra não provocar uma briga ou ir parar numa delegacia ou ainda ser processado. Seja como for, acho válida a iniciativa de acabar com gracejos maldosos que de tão enraizados acabamos reproduzindo-os sem nos darmos conta da carga de preconceito nelas. Essas piadas, gracejos ou que nome queiram dar ferem a outrem e isso não é legal!


A matéria sobre que me motivou a escrever esse post é esta: 

Minhas pesquisas me levaram a este outro, também forte (e do qual tirei uma das fotos): 

A ideia era trazer uma opinião a mais sobre o assunto. Precisamos sim falar sobre ele. Alguém que vá ler esse texto provavelmente vai se identificar. Antes que eu esqueça: de acordo com o dicionário, piada é um 'conto curto e humorístico utilizando situações críticas para levar ao riso'. Mas quando expõe alguém ao ridículo unicamente por sua etnia já saiu do terreno da graça. Espero ter contribuído. Até mais, pessoal!

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