terça-feira, 21 de março de 2017

Mata Hari

Olá a todos! Hoje falarei de uma mulher à frente do seu tempo, alguém que não teve medo de enfrentar as convenções da época em busca do que queria: Mata Hari. Dançarina considerada exótica, ela conquistou multidões pela Europa no início do século passado e até hoje sua figura inspira livros, filmes, peças e toda sorte de produções artísticas. Morreu fuzilada em 1917 acusada de ser espiã dos alemães contra a França e também uma agente dupla. Mas quem era realmente esse verdadeiro furacão que varreu a Europa com seu charme e beleza? O que acontecia nos bastidores da vida dessa mulher tão enigmática?


Margaretha Gertruida Zelle nasceu em Leeuwarden (Holanda) em 07/08/1876 filha do empresário Adam Zelle e sua esposa Antje van der Meulen e tinha uma vida igual à de muitas jovens da sua época. Após a morte da mãe quando Margaretha tinha apenas 14 anos sua família faliu e sua vida virou de cabeça pra baixo: o pai casou novamente e mandou ela e os irmãos a um colégio interno. Depois que o pai morreu a madrasta se recusou a pagar seus estudos e o diretor do lugar se comprometeu a ser uma espécie de tutor para a jovem (com terceiras e quartas intenções, é claro...).
A moça acabou expulsa do internato e indo morar com um tio. Um belo dia ela se deparou com um anúncio de casamento do capitão Rudolf MacLeod e foi atrás do militar candidatando-se ao posto de noiva. Deu certo: os dois se casaram e tiveram dois filhos, Norman e Jeanne Louise. O casal passou a morar na Indonésia (na época Índias Orientais Holandesas) e ela encantou-se com o lugar e principalmente sua cultura. Mas a união dos dois não foi como ela poderia imaginar...

Definitivamente eles não foram feitos um para o outro!

Dizem que o tal anúncio foi fruto de uma brincadeira pois os amigos do militar o provocavam que ele estaria 'velho' e não tinha casado ainda. O fato é que eles subiram ao altar e a união estava loooonge de ser um mar de rosas. Ele tinha uma amante: a ama de seus filhos! Segundo fontes, ele era beberrão e violento: agredia e ameaçava a esposa. Infelizmente uma situação essa enfrentada ainda por muitas mulheres ao redor do globo ainda hoje. Ela passou a evitar amigos próximos de seu círculo devido a esse fato. Porém a bela-recatada-e-do-lar arrumou outro, segundo algumas fontes. Depois da morte do filho a moça entrou em depressão e estava ainda mais subjugada à tirania do marido. Mas a situação mudaria dentro em pouco...

Morria Margaretha, nascia Mata Hari

A sorte parecia lhe sorrir: tornou-se amiga de uma dançarina indonésia e aprendeu ainda mais sobre cultura e as danças daquele país. Era o embrião da futura bailarina exótica. Fugiu para a Europa e se instalou em Paris em 1903. Como não tinha um tostão furado acabou posando nua para artistas e trabalhou em um circo. Mas seu grande momento viria em 1905: agora atendendo por Mata Hari, se apresentou no Musée Guimet, dedicado à cultura asiática e causou! Deixou (assim como faria nos anos seguintes) muito barbado babando. Nascia uma das estrelas mais fascinantes e intrigantes da História. Margaretha não existia mais; agora ela era Mata Hari!


Em malaio e indonésio seu pseudônimo significa sol (mais literalmente 'olho da manhã'). A todos ela contava que era uma princesa hindu (ou javanesa, as fontes divergem). Ela própria deve ter acreditado nessa história depois de tê-la contado à exaustão... Como o exotismo estava em voga naquele tempo ela se tornou sensação: só dava ela! Sua execução de danças sagradas do Oriente aliada a seu físico esbelto e magnetismo natural a tornaram uma lenda. Apresentava-se em trajes indianos e dançava em números hipnotizantes (também fazia strip-tease). Muitos foram os homens que se encantaram por ela vindos de vários lugares do Velho Continente. Entretanto ela começava a despertar suspeitas...

A dançarina quando de sua prisão (1917)
Documentos falando de um certo 'Agente H21' foram encontrados pelos ingleses e atribuíram esse codinome a ela. Foi presa e acusada de espionagem depois de encontrarem dinheiro e tinta invisível. De nada adiantou apelar por inocência e clemência: Mata Hari foi condenada à pena capital e executada em Vincennes em 15/10/1917 aos 41 anos. Ninguém reclamou seu corpo, que foi entregue a uma faculdade para ser dissecado. Triste fim para uma mulher que no início do século passado ousou ser dona da própria vida e afrontar as conveniências de um mundo machocêntrico como o de então. Como muitos e muitas ela buscou a felicidade sem encontrá-la. Morria a mulher; perpetuava-se o mito.

FONTES: Wikipédia, Mega Curioso, Mundo Tentacular, História Viva, Obvious, Biography.com, Cabine do Tempo, Bibliblog (texto e imagens).

Greta Garbo interpretou a dançarina exótica no filme Mata Hari (1931)

Muitos detalhes divergem de acordo com autores e sites mas uma coisa é certa: Mata Hari não era uma mulher comum, muito menos uma mulher qualquer. Inspirou filmes, peças, livros e outros (entre eles o filme da foto acima com Greta Garbo e ser citada como um dos amores de James Bond tendo com ele uma filha, além do livro 'A Espiã' de Paulo Coelho). A mulher que fez multidões de homens caírem a seus pés era para além de um símbolo sexual da época: era um símbolo de rebeldia e de libertação da mulher num tempo que as mulheres não podiam expressar livremente suas opiniões. Elas não eram mais taxadas de bruxas e mortas em fogueiras porém ainda eram consideradas bastante perigosas. É possível que seu julgamento e posterior fuzilamento tenham sido uma queima de arquivo: a dançarina tinha muitos amantes e eles podem ter passado informações e ainda pesava sobre ela a acusação de ser agente dupla de França e Alemanha. Culpada ou inocente a beldade se tornou algo muito maior do que um mero rosto ou corpo bonito: a aura de mistério que construiu em torno de si a transformou numa daquelas mulheres cujas lendas e histórias sobre elas acabam ultrapassando os fatos reais de sua história. Até mais, pessoal!