domingo, 18 de março de 2018

Curiosidades Linguísticas — parte 9

Olá a todos! Amantes de línguas, tremei: trago mais línguas e curiosidades na parte 9. Acredito que das postadas aqui vocês conheçam algumas mas outras talvez não tenham ouvido falar. Enfim, aprendamos mais sobre alguns idiomas aqui.

Córnico: considerada extinta enquanto língua falada em 1777, foi ressuscitada em 1904 e hoje conta com 2000 falantes. É uma língua celta parente do irlandês. Era uma das línguas que a rainha Elizabeth I da Inglaterra falava e alguns nomes de lugar e sobrenomes ingleses tem origem nessa língua. Aqui temos o hino da Cornualha com legendas em córnico e inglês.


Ainu: idioma que alguns consideram isolado e outros o consideram da família do japonês, é falado na parte norte do Japão e tem palavras vindas daquela língua assim como emprestou palavras a ela. Está em risco de extinção pelo fato de muitos dos nativos falarem apenas japonês.

Bashkir: idioma da família do turco e do cazaque, é falado por menos de um milhão de pessoas na Rússia, no Cazaquistão e no Uzbequistão. Usa o alfabeto cirílico com algumas letras que só existem nesse idioma. É dividida em vários dialetos e no original se chama Bashqort tele (Башҡорт теле).

As letras em azul são usadas em empréstimos e nomes russos

Chagatai: pertencente à família túrquica assim como o bashkir acabou extinta no século passado mas teve influência no desenvolvimento do hindustani (falada na Índia e usada como língua franca naquele país). Era escrita usando uma forma própria do alfabeto árabe e também teve influência em outras línguas da família túrquica.

Bielorusso: nos tempos da URSS (União Soviética) era tido como dialeto do russo. Pode-se dizer que é como uma ponte entre o ucraniano e o russo. Assim como algumas línguas, possui dois alfabetos: cirílico bielorrusso (mais utilizado) e o latino (łacinka, bastante similar ao alfabeto polonês mas muito pouco utilizado). Os tártaros e judeus da Bielorússia usam respectivamente os alfabetos árabe e hebraico para escrever no idioma. Espero que gostem da canção 'Maja Belarus' (Minha Bielorrússia, em português), com letra.


Birmanês: a pronúncia é apenas o som enquanto a ortografia é correta. Assim funciona o birmanês, falado por mais de 40 milhões como língua materna ou segunda língua. Uma coisa é falar, outra coisa é escrever: encontramos aqui o fenômeno da diglossia, onde o idioma formal é diferente do coloquial.

Amárico: é um idioma semítico assim como o aramaico (mas são línguas diferentes, ok?), o árabe e o hebraico. Possui um alfabeto com caracteres que parecem desenhos (assim como muitos alfabetos orientais) e é falado na Etiópia (língua oficial) e Israel (pelos judeus de origem etíope).


Javanês: foi tema de um conto de Lima Barreto (O homem que sabia javanês), no qual um homem se dizia fluente na língua e cai nas graças de um barão que ingenuamente o promove na sociedade onde vive e ainda lhe dá parte da herança. É falada por 75 milhões de pessoas principalmente em Java, mas também no Suriname e Timor, bem como outras ilhas do Sudeste Asiático.

Volapuque: criada em 1880 pelo padre alemão Joseph Martin Schleyer (volapük, no original) significa língua mundial. Foram realizadas 3 convenções do idioma (1884, 1887 e 1889) sendo as primeiras realizadas em alemão e a última em volapuque. Contava com 4 casos assim como romeno e alemão e até o artigo EL se declinava! Acabou suplantada pelo esperanto pouco depois da invenção daquela língua mas ainda existem falantes.

Prussiano: língua extinta no século XVIII (antigo prussiano) que está sendo revitalizada nos dias atuais. Possuía um alfabeto com letras idênticas ao do letão ou do livoniano (já citado no blog) com a inclusão do Q, o qual não existe nos outros dois. Atualmente conta com alguns pouquíssimos falantes devido ao processo de ressuscitação da língua. Espero que a língua volte a ser falada cotidianamente como foi um dia.


Espero que tenham gostado. São tantas línguas que seria impossível abarcar a todas mas a gente tenta. Em breve teremos a parte 10. Até mais, pessoal!

domingo, 11 de março de 2018

Plus bleu que tes yeux

Olá a todos! Hoje venho com dois monstros sagrados da música francesa e internacional: Édith Piaf e Charles Aznavour. Ambos nascidos em Paris, se consagraram como duas das maiores vozes da França. Os dois fizeram um dueto (ainda que virtual) cantando a bela 'Plus bleu que tes yeux' (Mais azul que os teus olhos, em português) uma canção originalmente gravada nos anos 50!


Édith Piaf nasceu em 15/12/1915 sob o nome de Édith Giovanna Gassion e tinha ascendência franco-italiana por parte de pai e cabila-berbere por parte de mãe. Recebeu o nome artístico de La Môme Piaf (pardalzinho, em português) devido aos seus 1,42 m de altura. Uma das maiores provas de que tamanho não é documento pois se agigantava no palco. Morreu em 10/10/1963 aos 47 anos vítima de hemorragia interna após anos de vício em álcool e heroína, uma vida repleta de sofrimentos e algumas alegrias e muitos amores que não duraram.


Charles Aznavour é filho de pais armênios e nasceu em Paris em 22/05/1924 sob o nome de Shahnour Vaghinagh Aznavourian (em armênio Շահնուր Վաղինակ Ազնավուրյան). É um dos cantores franceses mais conhecidos no mundo e gravou canções em várias línguas além do francês, incluindo italiano, alemão, inglês e espanhol. Tem o apelido de Aznavoice, também tem baixa estatura (1,60 m) e é um dos cantores de carreira mais longeva.



Plus bleu que le bleu de tes yeux
Mais azul que o azul dos teus olhos
Je ne vois rien de mieux, même le bleu des cieux

Eu não vejo nada melhor, nem mesmo o azul dos céus
Plus blond que tes cheveux dorés

Mais louro que teus cabelos dourados
Ne peut s'imaginer même le blond des blés

Não se pode imaginar nem mesmo o louro dos trigos
Plus pur que ton souffle si doux

Mais puro que teu hálito tão doce
Le vent même au mois d'août ne peut être plus doux

Mesmo o vento no mês de agosto não pode ser mais doce
Plus fort que mon amour pour toi

Mais forte que meu amor por você
La mer même en furie ne s'en approche pas

Mesmo o mar em fúria não chega perto dele
Plus bleu que le bleu de tes yeux

Mais azul que o azul dos teus olhos
Je ne vois rien de mieux, même le bleu des cieux

Eu não vejo nada melhor, nem mesmo o azul dos céus
Si un jour tu devais t'en aller et me quitter

Se um dia você tiver que ir e me abandonar
Mon destin changerait tout-à-coup, du tout au tout

Meu destino mudaria de repente, completamente
Plus gris que le gris de ma vie

Mais cinza que o cinza da minha vida
Rien ne serait plus gris, pas même un ciel de pluie

Nada seria mais cinza, nem mesmo um céu de chuva
Plus noir que le noir de mon coeur

Mais negro que o negro do meu coração
La terre en profondeur n'aurait pas sa noirceur

A terra nas profundezas não teria sua negrura
Plus vide que mes jours sans toi

Mais vazio que meus dias sem você
Aucun gouffre sans fond ne s'en approchera

Nenhum abismo sem fundo não se aproximará
Plus long que mon chagrin d'amour

Mais longa que minha mágoa de amor
Même l'éternité près de lui serait court

Mesmo a eternidade perto dela seria curta
Plus gris que le gris de ma vie

Mais cinza que o cinza da minha vida
Rien ne serait plus gris, pas même un ciel de pluie

Nada seria mais cinza, nem mesmo um céu de chuva
On a tort de penser, je sais bien, aux lendemains

É errado pensar, eu sei bem, nos dias seguintes
À quoi bon se compliquer la vie, puisqu'aujourd'hui...
De quê serve complicar a vida, a partir de agora...
Plus bleu que le bleu de tes yeux
Mais azul que o azul dos teus olhos
Je ne vois rien de mieux, même le bleu des cieux

Eu não vejo nada melhor, nem mesmo o azul dos céus
Plus blond que tes cheveux dorés

Mais louro que teus cabelos dourados
Ne peut s'imaginer même le blond des blés

Não se pode imaginar nem mesmo o louro dos trigos
Plus pur que ton souffle si doux

Mais puro que teu hálito tão doce
Le vent même au mois d'août ne peut être plus doux

Mesmo o vento no mês de agosto não pode ser mais doce
Plus fort que mon amour pour toi

Mais forte que meu amor por você
La mer même en furie ne s'en approche pas

Mesmo o mar em fúria não chega perto dele
Plus bleu que le bleu de tes yeux

Mais azul que o azul dos teus olhos 
Je ne vois que les rêves que m'apportent tes yeux
Eu só vejo que os sonhos que teus olhos me trazem


Muito romântico, não? Uma curiosidade é que eles gravaram a canção em separado: um dueto entre os dois cantando essa canção só foi possível graças à tecnologia. Há quem goste de canções antigas e quem não, mas o fato é que Édith e Aznavour se tornaram duas lendas da música francófona. Essa é do tempo em que música era mais arte que mercado (e não como hoje em dia onde a maioria é muito mercado e nenhuma arte). O começo dos dois não foi fácil mas ambos triunfaram. Em breve trarei mais postagens legais. Até mais, pessoal!