terça-feira, 10 de outubro de 2017

Curiosidades Linguísticas — parte 5

Olá a todos! Cá estamos nós com a quinta parte das curiosidades linguísticas. Os idiomas ao redor do mundo reservam muitas surpresas interessantes para nós. Vamos conferir mais algumas. Quem sabe até algum de vocês se interessa e tenta aprender uma delas...


Frísio: tida como a língua mais próxima do inglês é uma língua com poucos falantes (na casa dos 700000, então não são tão poucos assim) vivendo entre Holanda, Alemanha e Dinamarca. Acaba sendo influenciada pelas línguas e/ou dialetos destas a depender da região mas o frísio (ou frisão ou frisco) segue como língua vernacular cotidiana e tem três dialetos principais: ocidental (frysk), setentrional (frasch) e meridional (seeltersk). Apresento-os agora à canção Libbensljocht (A luz da vida, em português) com direito à letra no idioma.



Africâner: sua base é o holandês do século XVII porém o contato com outros idiomas devido ao fato de vários povos de diferentes localidades irem trabalhar na África do Sul deu origem a uma mescla que recebeu o nome de africâner (Afrikaans). Muitas foram as mudanças entre holandês e africâner ao longo de mais de trezentos anos mas os falantes desses idiomas germânicos conseguem razoavelmente se entender. A seguir, idiomas que influenciaram seu léxico.


piesang (banana), do indonésio
mielie (milho), do português
  gogga (inseto), das línguas khoisan
china (amigo/parceiro), do zulu
pynappel (abacaxi), do inglês
  nartjie (tangerina), do tâmil

Coreano: seu alfabeto (hangul 한글) foi inventado por um rei (Sejong, o Grande - que sem dúvida foi um gênio). O coreano possui um complexo sistema de vogais e consoantes (21 sons vocálicos e 19 consonantais, tá bom pra vocês?) junto com um alfabeto que formam uma intrincada combinação para escrever sua língua. O coreano (한국어 ou 조선말) é mais um dos idiomas isolados ao redor do mundo e junto ao chinês e ao japonês desperta grande interesse por parte dos ocidentais.

Aramaico: a língua que Jesus falava. Isso mesmo: nas Suas pregações às multidões Cristo se usava dela. O hebraico era a língua litúrgica (usada nas sinagogas). É como se nós lusófonos tivéssemos missas e cultos em espanhol. Ainda é falada por mais ou menos 445.000 pessoas ao redor do mundo, sendo a maioria composta de pequenas comunidades no Oriente Médio. A seguir, uma canção nesse idioma.



Basco: tido como um dos idiomas mais isolados do mundo o euskara não tem parentesco provável com nenhuma outra língua conhecida. É dono de uma gramática bem complicada e que tem formas incomuns. É falado na fronteira da Espanha com a França e por mais que os linguistas se esforcem ainda não conseguiram desvendar o grande mistério que a língua guarda: qual a sua origem?

Pirarrã: língua indígena do Brasil falada por um número de 150 a 350 pessoas. É um idioma de fonética limitada (são identificadas 3 vogais e 6 ou 7 consoantes) e sem números (eles lidam só com quantidades relativas). Tudo que se sabe sobre o pirarrã se deve ao trabalho de Daniel e Keren Modora Everett (os dois viveram na tribo por 7 anos e são os únicos falantes não nativos). Para eles só existe o aqui-e-agora (só há conjugações no presente e não existe ideia de passado ou futuro) além de sentenças limitadas que se referem a fatos imediatos.

Xhosa: a língua dos cliques era falada por Nelson Mandela. São variados cliques (estalos com a língua) que são distintivos, ou seja, diferentes estalos para diferentes palavras. Pra nós que não estamos familiarizados pode soar como sendo tudo a mesma coisa, mas não se enganem: você precisará treinar muito a língua e principalmente os ouvidos pra conseguir perceber quando é um clique e quando é outro. Eis aqui uma amostra.



Armênio: será que existe no mundo algum idioma com duas formas literárias? Eis aqui o armênio: suas formas literárias são o ocidental e o oriental. As letras armênias foram criadas ainda no século V sendo as duas últimas criadas apenas no século XI. A variante oriental é falada na Armênia e a ocidental pelos armênios espalhados pelo mundo devido à Diáspora (mais informações sobre elas podem ser conferidos no link http://100anos100fatos.com.br/fatos/armenian-language-exists-two-literary-forms-eastern-western/).
 
Pomerano: idioma de origem germânica falada quase que exclusivamente no Brasil (na Alemanha e na Polônia é quase uma língua extinta) por comunidades no Espírito Santo, principalmente, mas também na região sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) e em Rondônia. Destaque para Santa Maria de Jetibá (ES), onde o idioma é ensinado nas escolas municipais e há uma rádio em pomerano, a Pommer Rádio. Seus falantes foram discriminados no Brasil na 2ª Guerra por ter origem alemã devido ao nazismo na Alemanha (porém alemão e pomerano são línguas diferentes, esta última está aparentada ao inglês e ao holandês). Ouçamos o Pai Nosso em pomerano.


Latim: foi língua do mundo por muitos e muitos anos devido ao poderio e tamanho alcançado pelo Império Romano na Antiguidade. Língua-mãe do português, espanhol, francês, italiano, romeno e muuuuuitas outras. Influenciou em maior ou menor grau idiomas germânicos (o maior exemplo é o inglês, com 60% de seu vocabulário vindo do latim). É um dos idiomas antigos mais bem documentados e estudados do mundo.

Até agora falei de cerca de 50 línguas. Talvez de algumas com um pouco mais de profundidade outras menos mas o mais importante é a comunicação, sempre tem algo que desperta o nosso interesse numa língua: som, alfabeto, musicalidade... Quem sabe não é esse o ponto de partida para o aprendizado de alguma das postadas até agora (ou de todas?)... Até mais, pessoal!

domingo, 8 de outubro de 2017

Pelo direito de se expressar em público

Olá a todos! Na última semana li uma reportagem onde irmãos gêmeos (não dizia se eram idênticos ou não) foram agredidos por homofóbicos porque foram confundidos com um casal gay por estarem abraçados. Me pergunto por qual motivo tanta gente se autoproclama juiz e julga, condena e executa a sentença sem dó. Parece que vamos logo viver num estado de selvageria coletiva onde os achismos e opiniões pessoais serão maiores que a lei. Parece exagero (trocadilho não intencional)? Não!

Outros exemplos são o de mãe e filha agredidas física e psicologicamente por um homem em um shopping de Brasília depois de ele achar que as duas eram um casal de lésbicas. Não eram, mas ainda que fossem não mereceriam passar por essa situação. Outro exemplo foram pai e filho agredidos num evento pelo mesmo gesto de carinho que os exemplos anteriores (os dois estão vivos mas o pai teve um pedaço da orelha arrancado por uma mordida de um dos agressores). Agora não se pode mais abraçar ninguém em público por medo de sofrer ataque de gente que se sente ameaçada por ignorantes que pensam que seus modelos tão arraigadamente construídos se desfarão como castelos de areia quando vem a onda? Mãe, filha e o agressor foram à delegacia mas o caso delas (felizmente) não terminou tragicamente como o dos irmãos.

Abraço grupal do grupo One Direction. Imagem: Google Imagens

Somos criados com a ideia de que duas pessoas do mesmo sexo (principalmente dois homens) abraçadas é algo que não pode. Mas não pode por quê? Muita gente não se incomoda com o fato de duas mulheres abraçadas porém o mesmo não ocorre se forem dois homens (já falei algo sobre isso neste artigo). É tido como imoral, amoral e cia ilimitada. Mas é mesmo assim? Abraçar outro homem não vai tornar um homem menos viril/macho/sexo-forte ou algo do tipo mas os meninos desde sempre são levados a não demonstrar maior afeição uns com os outros principalmente em público. Como se isso fosse torná-los homossexuais (e não é assim que a banda toca)...

Os paladinos da família tradicional deveriam se incomodar mais com a própria vida em vez de querer bancar os justiceiros agindo em nome de uma entidade pré estabelecida como normal: a família comercial-de-margarina com homem, mulher e crianças. Abraços em locais movimentados nem pensar! Beijos no rosto então... Os árabes se cumprimentam com beijo no rosto, os argentinos também. E isso não fere a masculinidade deles por um motivo: não tem o que ser ferido! Se alguém aí faz disso uma questão, é uma pena. Ainda bem que esse não é o meu caso. Antes de dizer que estou levantando bandeiras digo que isso é uma opinião pessoal e não um manifesto em favor de causa A, B ou Z. O que eu tenho a dizer é: vai ter abraço em público sim!

Colônia de suricatos. Imagem: Google Imagens

Quantos mais precisam se atacados ou até mesmo mortos pra que as pessoas parem de ser tão imbecis?! Todos tem o direito de se expressar em público como bem entenderem. Se eles passam dos limites aí já é outra história. É importante ter bom senso e não confundir liberdade com libertinagem. Felizmente existem pessoas (homens e mulheres) que não estão nem aí pra opinião daqueles que acham que a noção de machos-alfa está ameaçada por conta de um gesto afetuoso. O fato é que um abraço não é motivo pra toda essa fúria e brutalidade manifestada principalmente nos últimos tempos. Nem vou entrar no mérito da questão dos benefícios físicos e psicológicos de um amplexo (tanto faz se nos seus pais, irmãos ou amigos). Abracemos mais, odiemos menos. Até mais, pessoal!