terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Pássaro na manhã de Natal



Olá a todos! Trago-vos uma bela canção natalina em finlandês. A letra é de um poema com original em sueco e cantando há anos. Já encontrei a letra de 'Sparven on julmorgonen' (Pássaro na manhã de Natal, em português) e ouvi a versão sueca mas a finlandesa me encantou bem mais. A descobri no Natal passado e já a escutei diversas vezes, daí decidi compartilhar essa joia com vocês. A música é forte, profunda, surpreendente e baseada numa triste história real que será contada mais adiante. Acompanhemos a bela 'Varpunen Jouluaamuna' (o significado do título é o mesmo da versão sueca)!



Lumi on jo peittänyt kukat laaksosessa
A neve já cobriu as flores do vale
Järven aalto jäätynyt talvipakkasessa
As ondas do lago congelaram no inverno frio
Varpunen pienoinen, syönyt kesäeinehen
Um pardalzinho comeu a sua comida do verão
Järven aalto jäätynyt talvipakkasessa
As ondas do lago congelaram no inverno frio 
Pienen pirtin portailla oli tyttökulta:
Havia uma garotinha ao pé da cabana:
"Tule, varpu, riemulla, ota siemen multa
"Venha alegremente, pardal, tome uma semente minha
Joulu on, koditon varpuseni onneton
É Natal, meu desabrigado e miserável pardal
Tule tänne riemulla, ota siemen multa"
Tome aqui alegremente uma semente minha"


Tytön luo nyt riemuiten lensi varpukulta
O pardal voou alegremente para a garota
Kiitollisna siemenen otan kyllä sulta
Com gratidão eu aceito uma semente sua
Palkita Jumala tahtoo kerran sinua
Deus vai querer te recompensar algum dia
Kiitollisna siemenen otan kyllä sulta
Com gratidão eu aceito uma semente sua 
En mä ole, lapseni, lintu tästä maasta
Eu não sou, minha criança, um pássaro dessa terra
Olen pieni veljesi, tulin taivahasta
Eu sou seu irmãozinho, eu vim do Paraíso
Siemenen pienoisen, jonka annoit köyhällen
A pequena semente que você deu aos pobres
Pieni sai sun veljesi enkeleitten maasta
Foi dada ao seu irmãozinho vindo da terra dos anjos
Siemenen pienoisen, jonka annoit köyhällen
A pequena semente que você deu aos pobres
Pieni sai sun veljesi enkeleitten maasta
Foi dada ao seu irmãozinho vindo da terra dos anjos

Suvi Teräsniska

Foi escrito pelo poeta Zachris (Zacharias) Topelius em 1859, traduzido em finlandês por Konrad Alexis Hougberg e publicado como canção natalina por Otto Kotilainen em 1913. Pode-se ver sua dor expressa no poema: ele perdeu seu filho Rafael quando este tinha um ano de idade (fonte: Wikipedia em inglês). Talvez ele não tenha querido fazer isso tão diretamente, então criou a história contada na letra: o espírito do irmão da menina na forma de um pardal encontrando-se com ela em pleno inverno, época em que muitas aves migram para o Sul em busca de calor. Bonita, porém triste! Triste, porém bonita! Fora que a voz suave e melodiosa de Suvi deixa a canção ainda mais envolvente. Espero que tenha gostado. Até mais, pessoal!

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Sissi, as dores de uma imperatriz

Olá a todos! Hoje falaremos sobre uma daquelas personalidades marcantes da realeza: a emblemática Sissi da Áustria. Acredito que muitos de vocês já a conheçam. Se ainda não, apresento um pouco sobre a vida dessa mulher que marcou época. Ela teve uma vida marcada por tristezas e alegrias como qualquer um de nós (no caso dela mais tristezas que alegrias). Acompanhemos!

Isabel Amália Eugênia (Elisabeth Amalie Eugenie, em alemão), conhecida desde sempre como Sissi, nasceu em 1837 e foi imperatriz da Áustria e rainha da Hungria, pertencia à Casa de Wittelsbach. Ela não estava destinada a se casar com o primo, mas sim sua irmã Helena. No entanto, o Cupido acabou fazendo com que Francisco José olhasse para a outra prima e apaixonar-se por ela. A cerimônia foi realizada em 1854 com toda pompa e circunstância, sendo regada a muito luxo. Assim a moça entrava para a família Habsburgo, uma das dinastias mais poderosas e antigas da Europa. Parecia ser o prenúncio de uma união feliz e digna de contos de fadas pois o sentimento era correspondido. Só parecia...

A jovem imperatriz logo percebeu que sua nova vida não seria fácil: a corte austríaca era demasiado rígida e cheia de protocolos. Sua relação com o marido não foi um mar de rosas: os dois acabaram se afastando com o passar dos anos. Para completar, sua sogra (e tia) Sofia a detestava e fez de sua vida um martírio: tirou-lhe o convívio com os três primeiros filhos e ainda falava mal dela aos netos. Seu jeito informal acabou sendo malvisto pela aristocracia e até pela família do marido. Acabou ficando doente e viajava constantemente pelo mundo (ilha da Madeira (Portugal) e Corfu (Grécia), por exemplo)). Aprendeu a falar grego e húngaro, língua que usava para se comunicar com a caçula Maria Valéria, a única que ela pôde criar e que era chamada por muitos de 'Filha Única' e dominava também, além do alemão nativo, inglês e francês. Rumores davam conta que a princesa não fosse filha do imperador, mas era parecidíssima com ele e o era mais ainda conforme passavam os anos. A simpatia da imperatriz pela Hungria também gerava desconforto entre os austríacos.

Os quatro filhos de Sissi: Sofia Frederica, Gisela, Rodolfo e Maria Valéria

Sofia tratou de simplesmente tomar controle da criação e educação dos netos Sofia Frederica, Gisela e Rodolfo, fato que afetou a imperatriz sobremaneira. Às vezes não era fácil pra ela aproximar-se das crianças: a influência da avó era muito forte e quase sempre não se sentia forte o suficiente para fazer face àquela influência. Dez anos depois do último parto acabou tendo Maria Valéria, nascida na Hungria por vontade de sua mãe. Sua concepção foi uma concessão da imperatriz ao marido pois a mesma detestava intimidades físicas e gravidezes e seu nascimento se deu pouco mais de nove meses depois da coroação de Sissi e Francisco José como rei e rainha do país dos magiares. Viena estava em polvorosa: se tivesse nascido um menino seu nome seria Estêvão e um dia poderia ser rei dos húngaros, desmembrando o Império Austro-Húngaro. O nascimento de uma menina acalmou os ânimos vienenses.

Bandeiras da Áustria-Hungria (em cima) e das atuais Áustria (em baixo, à direita) e Hungria (em baixo, à esquerda)

Sissi quase não comia alimentos sólidos: mandava que tudo fosse espremido até o caldo. Não se pode dizer que o imperador sentia-se satisfeito à mesa e isso criou alguns embaraços: ele acabava comendo muito depressa em banquetes oficiais e a etiqueta determinava que ninguém mais poderia continuar comendo depois de Francisco José I (o que certamente deixou muita gente a ver navios). O resultado é que ela era bastante magra para a época: 45 kg distribuídos em 1,73 m (bem alta para a época). Adorava dietas, exercícios, moda... mas sobretudo a beleza. Além do mais dormia com uma máscara de morangos prensados na cara para manter a pele jovem. Sua fixação era tamanha a ponto de colecionar fotos de mulheres bonitas e compará-las consigo própria. Houve tempos em que viveu mais na Hungria que na Áustria, a qual nunca sentiu como sua casa. Fotos da imperatriz depois dos 30? Esqueçam! Só se algum dia alguém usar um programa de computador pra fabricar uma foto dela idosa. Ela tinha pavor de velhice e não aparecia em público de cara limpa depois de se tornar balzaquiana. Conseguiu o feito de se tornar uma lenda ainda em vida.

Francisco José I da Áustria e sua mãe Sofia da Baviera

Havia sido um casamento por amor mas isso não foi suficiente para uma união feliz. Mesmo os quatro filhos não os uniram. Muito se deveu à sogra e ao antiquado e estritamente fechado protocolo da realeza além do pavor de sentir cada passo seu ser observado a cada instante. O espírito livre de Sissi não suportou as pressões exercidas de todos os lados devido ao seu estatuto de imperatriz. Lhe doía o fato de não poder ter voz ativa na criação dos mais velhos e sentia-se sufocada na corte, detestando as aparições públicas protocolares. O aparente suicídio de seu único varão afetou-a muito e agravou ainda mais seu já contumaz isolamento. Morreu em 1898 longe dos olhares públicos de Viena e de forma relativamente indolor, como queria, depois de ser apunhalada no peito pelo anarquista italiano Luigi Lucheni. Ela não era seu alvo inicial mas ele queria um alvo importante e Sissi acabou servindo a esse propósito. Ela acabou estando no lugar errado e na hora errada. Aparentemente o incidente não havia provocado danos graves porém ela sucumbiu a uma hemorragia horas depois. Morria a mulher, perpetuava-se para sempre o mito.

Palácios onde Sissi viveu: Possenhofen (Baviera), de Schönbrunn e Laxenburg (Áustria) e Gödöllő (Hungria)

Fontes: Wikipedia, a enciclopédia livre; site 'Um pouquinho de cada lugar'; site Tudor Brasil, site Estadão; Google Imagens.

Diferente da versão romantizada da história, onde Sissi foi interpretada pela atriz austríaca Romy Schneider (foto ao lado) nos três filmes da década de 50 (Sissi/Sissi, a Imperatriz/Sissi e seu Destino) a vida real da imperatriz foi de depressão e constante sentimento de solidão. Talvez a verdadeira história fosse mais impactante (ou não) se fosse levada às telonas mas serviu para perpetuar o mito que já existia em torno de Elisabeth de Wittelsbach. Espero que tenham gostado da postagem de hoje. Até mais, pessoal!