segunda-feira, 10 de abril de 2017

Existem mesmo línguas 'úteis' e/ou 'inúteis'?

Olá a todos! Estive pensando nos últimos dias num conceito levantado por alguns e que podemos chamar depreciativo e desrespeitoso: utilidade ou não de uma língua. Existem mesmo línguas úteis e/ou inúteis? Uma das muitas definições de língua diz que é o conjunto dos elementos que constituem a linguagem falada ou escrita peculiar a uma comunidade'. O que equivale a dizer que não importa se uma sequência de sons falada e/ou letras escritas por alguém é falada por toda a população do planeta ou por apenas meia dúzia. O que conhecemos por língua (ou idioma) é muito mais do que isso. Um idioma é parte da integralidade de um povo, representa toda uma cultura, história e identidade de um povo e/ou local. Discorda? Se não, vejamos...

Você fala minha língua???

Por exemplo, sabem quais são as 10 línguas mais faladas? A ordem muitas vezes difere e também uma ou outra pode entrar e sair do ranking das 10 mais, no entanto é consenso que chinês, inglês, espanhol, árabe, português, japonês, hindi, russo e bengali (Índia) marcam presença lá. O francês e o punjabi (Índia) trocam de lugar conforme algumas listas. Essas seriam consideradas úteis do ponto de vista do mercado. Mas ainda tem francês, italiano, sueco, coreano e outras de acordo com a esfera de influência de um país. Mas o que dizer de um idioma artificial?

Sem sombra de dúvida o exemplo mais conhecido de língua não-natural é o esperanto. Ele não é idioma oficial em nenhum país ou região e foi criado com o intuito de que os falantes de vários idiomas e dialetos pudessem se entender e é a língua artificial mais longeva: 130 anos! E ao contrário do que muitos pensam o idioma neutro criado pelo linguista polonês Ludwik Lejzer Zamenhof vai muito bem obrigado! São muitas as publicações (livros, músicas, sites). Existe uma série de idiomas não-naturais no cinema e na TV (dothraki de 'Game of Thrones', klingon de 'Star Trek' e Na'vi de 'Avatar' só pra citar alguns dos mais conhecidos) e existem publicações e gente ávida em aprendê-los.

De longe os alfabetos mais conhecidos e usados no mundo são o latino, o grego (ελληνικό αλφάβητο), o cirílico (азбука), o árabe (أبجدية عربية) e o hebraico. Porém a variedade é infinitamente grande e ainda tem as línguas ágrafas (sem sistema de escrita).

Juntos esses caras falam pelo menos umas 30 línguas! Créditos: Youtube/Babbel

Os caras da foto acima merecem nosso respeito: tratam-se do inglês Alex Rawlings, os gêmeos também ingleses Matthew e Michael Youlden e o italiano Luca Lampariello. Esse quarteto é o que podemos chamar de hiperpoliglotas e são incansáveis na arte de aprender. Claro que existem muitos outros que são (ou se passam por) hiperpoliglotas porém esses caras aprenderam quase todas as que sabem sozinhos!

Eis a matéria da Babbel onde foram desafiados a aprender um pouco de romeno por (apenas!) uma hora:
https://pt.babbel.com/pt/magazine/poliglotas-tentam-aprender-idioma-em-uma-hora

"Eu não escolho as línguas. Eu deixo as línguas me escolherem". (Luca Lampariello)
 
Essa citação é ótima: pra muita gente é exatamente o que acontece. E pra você, o que define a 'utilidade' ou não de um idioma? O simples fato de ser aceito num mundo vorazmente moderno que preza pela carreira e vai te servir no currículo? Seu intuito é prevenir ou ao menos retardar o Alzheimer? Porque você simplesmente amou aquela sonoridade e resolveu que devia incluí-la na sua vida? Seja como for, é algo que você gosta. Se você não gosta ou não tem interesse na língua X ou Y tudo bem. Está no seu direito. Só que isso não te dá o direito de atacar quem as estuda (como já presenciei). Se não é 'útil' pra você o será a outrem. E tenho dito! Minha humilde opinião é: NÃO existem línguas inúteis mesmo que venha um batalhão dizer o contrário e até querer te convencer disso. TODAS tem utilidade. Tanto faz se a pessoa quer aprender a falar uma língua falada por 2 bilhões ou por mera meia dúzia de falantes. Vá em frente e não deixe que determinem o que é útil ou inútil pra você. Até mais, pessoal!

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Victor Lustig

Olá a todos! Hoje falarei de Victor Lustig, um dos maiores vigaristas (talvez o maior) de todos os tempos. Pra quem nunca ouviu falar dele, esse homem passou à História como aquele que vendeu a Torre Eiffel duas vezes. Isso mesmo, caros exagerados: DUAS vezes! Sem contar o golpe mais audacioso que por um golpe (trocadilho não intencional) de sorte não lhe custou a vida... Com classe, astúcia e muuuuita habilidade, ele enganou várias pessoas em muitos lugares. Como ele conseguiu esses feitos? É o que iremos descobrir agora!


Nascido na atual República Tcheca, o 'conde' (como gostava de ser chamado) Victor falava fluentemente cinco línguas: tcheco, alemão, francês, italiano e inglês. Deu vários golpes na América depois de se mandar pra lá após a 1ª Guerra e lá encheu a burra os bolsos de money. A ideia para seu mais conhecido golpe veio após a leitura de um artigo sobre a dificuldade de manter a Torre Eiffel. Voltou à Cidade-Luz e lá deu seu mais famoso golpe...


Mas antes de adentrar no assunto preciso mencionar algo: a caixa de fazer dinheiro. Sim, senhoras e senhores exagerad@s! Um golpe que deu muito certo no início do século passado e que certamente faria muito sucesso ainda hoje. A engenhoca funcionava assim: uma nota era colocada na caixa e depois de 6 horas (era importante ter paciência e não matar a galinha dos ovos de ouro antes de ela começar a botar) saía a nota e uma réplica perfeita. Claro que antes da demonstração uma nota idêntica era colocada na caixa a fim de que a vítima não desconfiasse. E se mesmo assim a confiança dos incautos não fosse devidamente conquistada Victor ainda tinha a cara de pau de ir com a pessoa até um banco. Com o OK da instituição que a nota era verdadeira não havia mais espaço pra dúvidas. Ele até mesmo enganou um xerife com ela: disse que lhe daria um superdesconto (a 'maravilha' custava 35000 dólares da época porém a autoridade poderia consegui-la por apenas 10000) se o tirasse da cadeia. Claro que uma vez verificada a fraude o xerife não sossegou enquanto não pôs de novo as mãos nele. Mas como a dissimulação de um falsário não conhece limites, Victor devolveu a quantia à autoridade para provar sua integridade. Adivinhem o que aconteceu? O xerife caiu no logro outra vez e foi parar na cadeia passando notas falsas de 100!!!

A torre e Alexandre Gustave Eiffel, o engenheiro que a mandou construir e de quem herdou o nome


Vamos abrir só um pequeno parêntese sobre o monumento: a Torre Eiffel foi idealizada pelos engenheiros Maurice Koechlin, Émile Nouguier e Stephen Sauvestre, que trabalhavam na empresa de Eiffel em face da comemoração do centenário da Revolução Francesa. Os dois primeiros fizeram o projeto inicial mas Eiffel só o aprovou depois das modificações do último. Sua construção se iniciou em 28/01/1887 e foi inaugurada em 31/03/1889 (ou seja, a estrutura acabou de fazer aniversário! Bonne Anniversaire!). Foi aberta ao público em 06/05 do mesmo ano e permaneceu como construção mais alta do mundo até 1924.

Agora sim vamos aos fatos: o golpe de mestre do falsário foi a supracitada 'venda' do monumento mais famoso da França. A Câmara de Paris estava dura sem dinheiro para consertar a torre (que àquela altura estava coberta de ferrugem) e vislumbrou uma oportunidade de ouro. Instalou-se na melhor suíte do Hôtel de Crillon e fazendo-se passar por funcionário do governo francês para cinco empresário do ramo da sucata. A proposta parecia interessante: a torre seria desmontada e os pedaços vendidos a ferros velhos! Conseguiu enganar André Poisson dizendo que lhe garantiria preferência no negócio se este lhe desse algum por fora. E assim foi: o empresário pagou à 'autoridade' 70000 dólares nota por cima de nota. 


O 'conde' tratou de se empirulitar rapidamente da França com o dinheiro. Envergonhado por ter caído na lábia do falsário, André não o denunciou à polícia. Como havia tido sorte na primeira tentativa ele tentou de novo (a velha máxima de que o criminoso sempre volta ao local do crime) e teve êxito mais uma vez, certo? Errado! Os empresários foram mais vivos e acionaram a polícia no ato. Desta feita Victor não teve outra alternativa a não ser fugir para os EUA. Adivinhem o que ele fez na sua volta à terra do Tio Sam? Procurou novas vítimas, obviamente.

Seu golpe mais audacioso sem dúvida foi tirar dinheiro de Al Capone sem que o mesmo percebesse se tratar de uma manobra do falso nobre. Façamos outro parêntese sobre o mafioso: filho de pais italianos, nasceu nos EUA e se tornou um dos chefões do crime organizado daquele país ainda muito jovem. Vendeu uísque durante a Lei Seca entre outras atividades ilegais. Contraiu sífilis devido à sua promiscuidade e foi condenado a 11 anos de prisão mas morreu não na prisão e sim junto da família por conta de problemas de saúde advindos da doença.

Al Capone era conhecido por Scarface por causa de uma cicatriz no rosto

O mafioso emprestou-lhe 50000 dólares para que Victor os investisse na Bolsa. Daí ele fugiu com a grana, certo? Errado! Ele podia ser tudo menos suicida. Guardou a quantia durante meses e depois a devolveu! Isso mesmo, car@s exagerad@s: ele restituiu o montante nota por cima de nota dizendo que o tal investimento não dera certo. Impressionado com a 'honestidade' do europeu, Scarface lhe deu 5000 dólares de recompensa. Talvez vocês se perguntem onde está o golpe. Aí é que reside a inteligência da pessoa: os 5000 eram o objetivo dele desde o início! Filho da mãe! Conseguiu dar uma volta apenas num dos maiores (senão o maior) gangsters de todos os tempos! Audácia e sangue frio eram ou não seus sobrenomes?

FONTES: O Aprendiz Verde, Wikipédia, Mundo Estranho, Printerest, History, Conexão Paris, EntreMentes (texto e imagens).


Não se pode negar que mesmo tendo sido um gênio do mal ele era astuto como uma raposa. Sabia por onde e como transitar nos mais diversos ambientes assim como sabia a forma certa de lidar com todo tipo de gente. Em geral, muitos criminosos são assim: elegantes, convincentes e não agem com violência mas mesmo assim podem deixar efeitos devastadores no psicológico das vítimas. Esperamos nunca nos encontrar com um desses pelo caminho da vida mas é sempre bom ficar de olho! Em breve voltarei com mais posts interessantes, fiquem no aguardo! Até mais, pessoal!