domingo, 16 de março de 2014

Mulheres Incríveis: Nzinga Mbandi

Olá a todos! Dando continuidade às homenagens ao Mês da Mulher conheçamos hoje a história de Nzinga Mbandi (pronunica-se inzinga imbandi), a poderosa rainha africana que barrou o avanço colonialista português em Angola no século XVII. Avante, exagerados!

Até que ela era bonita, né?

Nzinga Mbandi nasceu provavelmente entre os anos 1580 e 1583 (dependendo da fonte). Os profetas do reino vaticinaram que caso ela chegasse à idade adulta os rios do reino seriam inundados de sangue e homens brancos viriam do mar e que haveria todo tipo de tragédias. Tenso... Bem, ela foi treinada pelo pai para ser uma rainha guerreira mas quem assumiu o trono foi seu irmão Kia, e uma das primeiras medidas dele foi mandar matar o filho único da irmã pois ele era concorrente em potencial ao trono. Ironicamente foi ele quem abriu as portas à brilhante carreira diplomática da futura rainha: não havia ninguém capacitado o suficiente para negociar um acordo de paz com os portugueses, então ele mandou a irmã! O mundo dá mesmo voltas... Foi recebida com toda a pompa e circunstância que uma embaixatriz merece mas ao chegar ao recinto onde estava o governador de Angola viu que só tinha uma cadeira e algumas almofadas no chão. A mulher não deixou por menos: ordenou a uma escrava que se ajoelhasse...

...E sentou-se sobre a coitada!

Depois da morte do irmão e a consequente ascensão dela ao trono, Nzinga realizou sua mais bem feita manobra política: a união com os terríveis inimigos jagas. Com isso acabou adotando alguns costumes da tribo rival em nome dessa aliança, entre eles o canibalismo. Inclusive ela aliou-se até aos holandeses. Valia tudo para seus súditos não perderem a liberdade e nem ela sair do trono. Não aceitava submissão aos lusos, não pagava impostos. Era uma rainha que adorava subverter tradições: ela obrigava os amantes a se fantasiarem de mulher (eita!) enquanto ela estava travestida de homem. Era uma forma de reafirmar seu poderio numa sociedade que não aceitava uma mulher como soberana. Ainda mais ela sendo filha de mãe escrava, o que era uma mancha grave na sua ficha pois todo o poder se baseava nas relações de parentesco. Portugal só conseguiu dominar Angola plenamente (ou quase) só depois que ela morreu (God save the queen!)! Zumbi dos Palmares, contemporâneo seu que com certeza adoraria tê-la conhecido, diria que ela merece!

Cena da mini série angolana sobre Nzinga com a atriz Lesliana Pereira no papel principal

Óbvio que sua relação com os lusos não foi sempre um mar de rosas: inclusive ela teve duas irmãs (Bárbara e Engrácia) aprisionadas por eles. Enfim, existem contradições em sua biografia, afinal todo ser humano é contraditório (talvez isso seja uma das coisas que nos faça humanos): ela lutou pra que seu povo não fosse escravizado mas vendeu os próprios escravos aos portugueses; defendeu a religião do seu povo porém adotou muitos costumes católicos (ela até foi batizada e recebeu o nome D. Ana de Sousa); abraçou uma cultura diferente pra se aproveitar do poderio militar dos jagas. Tinha tudo pra fracassar mas se tornou uma das maiores governantes da história da África, uma referência até hoje.

FONTES: Wikipédia (a enciclopédia livre), Revista Superinteressante, site Ritos de Angola.


Como se vê, a soberana Nzinga tinha muita personalidade. Admirada e respeitada por Portugal ela se tornou um ícone na África. Apesar de ser praticamente uma ilustre desconhecida aqui no Brasil, em Angola ela é venerada. Ela era ou não uma mulher incrível? Até mais, pessoal!

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