Olá a todos! Hoje vou falar de uma imperatriz não muito conhecida por nós mas que tem uma história bem interessante: Eugênia de Montijo. Ela foi casada com o imperador francês Napoleão III e perdeu seu único filho de forma trágica e revolucionou o mundo da moda e de uma conhecida fabricante de automóveis. Vamos conhecê-la agora!
María Eugenia Ignácia Agustina de Palafox-Portocarrero de Guzmán y Kirkpatrick nasceu em 05/05/1826 em Granada (Espanha) e ostentava diversos títulos de nobreza além de muitas condecorações. Possuía longuíssimos cabelos de cor castanho-ticiano e era considerada uma das mulheres mais belas da Europa. Foi levada a Paris por sua mãe, María Manuela, uma mulher sedenta de notoriedade. Ela foi com as filhas, Eugênia e Francisca, conhecida na família por Paca, para a capital francesa deixando o marido, Cipriano Palafox e Portocarrero, um homem avesso a badalações, na Espanha. Depois de enviuvar Manuela confiou a educação das herdeiras a Stendhal e Prosper Mérimée, seus amigos. Tempos depois, aos 23 anos, a bela Eugênia despertou a atenção de ninguém mais ninguém menos que o imperador francês Napoleão III. Deslumbrado com a beleza da moçoila ele afoitamente perguntou qual o caminho mais curto para os seus aposentos. Ela respondeu de forma pudica e magistral que pela capela. E assim aconteceu: ela se tornou imperatriz da França no início de 1853 e foi mãe de Napoleão Eugênio, cujos dotes e atributos lhe valeram o assédio de várias cortes europeias. Foi também uma das primeiras a casar de branco (que era considerado símbolo de riqueza) numa época onde o azul era o símbolo de pureza, mas as noivas também podiam casar de verde e até de vermelho.
Com qual desses looks vocês se casariam, exageradas? |
Napoleão III dizia que preferia se casar por amor que por alianças políticas. E assim foi! Bem, a bela imperatriz era admirada e sua forma de vestir ditava moda entre as europeias. Ela era unanimidade com seu jeito de vestir. O imperador e seu digníssimo esposo morreu em 1873 (se não o amava pelo menos tinha uma terna afeição por ele). Três anos antes a monarquia fora abolida na França, o casal imperial se exilou na Inglaterra e depois da viuvez Eugênia passou a se dividir entre França (Biarritz) e Espanha (Sevilha). Seis anos depois viria o acontecimento que transformou sua vida para sempre. Vamos conhecer a maior tragédia vivida por ela (e por qualquer mãe).
Napoleão Eugênio: parecidíssimo com a mãe, não acham? |
A morte do filho foi demais pra ela: antes uma mulher vivaz, se transformou numa mulher triste e dolorida. O príncipe lutou na Guerra Anglo-Zulu ao lado dos ingleses (há quem diga que ele fez isso por estar romanticamente ligado a Beatriz do Reino Unido, filha caçula da rainha Vitória) e foi morto em uma batalha com uma tribo zulu. Conta-se que sua mãe pediu à monarca britânica para ir à África do Sul (na época colônia britânica) resgatar o corpo do filho. Vitória permitiu e Eugênia chegou ao local mas não foi fácil encontrar o corpo do filho amado: o mato tomava conta do local e ficava impossível saber onde ele havia sido enterrado. Não havia nem mesmo uma cruz indicando porém o coração de mãe da imperatriz conseguiu descobrir onde estavam os restos mortais do rebento de uma forma diria milagrosa...
Mãe não tem sexto nem sétimo sentido, tem oitavo, nono e até décimo sentido! |
Violetas... essas belas flores foram o indicativo para que Eugênia achasse o túmulo de Loulou (sim, era esse o apelido familiar de Napoleão Eugênio). Depois de atravessar o oceano e horas de buscas, nenhum resultado positivo foi obtido por parte dos soldados que foram com ela. Foi aí que de repente, não mais que de repente, a imperatriz começou a sentir um cheiro dessas flores no ar. Ela os chamou: 'Estou sentindo cheiro de violetas. Violetas sempre foram as flores preferidas do meu filho'. Seguiram-na e... o milagre aconteceu: o corpo do príncipe fora encontrado!
Crinolina: espécie de gaiola feita de finíssimos arames de aço |
Vamos agora à relação da imperatriz com a moda e a famosa fabricante de automóveis citada no início. Primeiro de tudo, a fábrica de carros, que naquele tempo estava à beira da falência, era uma fábrica de... espetos! Um belo dia Eugênia apareceu lá com um desenho seu de uma crinolina (fotos acima), que tornaria as vestimentas femininas muito mais leves, arejadas e fáceis de usar e vestir (as saias da corte eram armadas por meio de 9 - eu disse 9 - anáguas)! Imaginem o desconforto que devia ser... Pode-se dizer que ela foi de certa maneira uma empreendedoratriz! Se ela criou o não a crinolina, eu ignoro: o fato é que a fábrica foi salva da falência e chegou ao que conhecemos hoje. Mas ela não entrou no ramo da moda nesse meio tempo entre os espetos de antes e os automóveis de agora: depois dos espetos vieram guarda-chuvas e bicicletas, depois os carros. Essa fábrica é nada mais nada menos que a Peugeot! Se não fosse por ela a indústria automobilística não seria a mesma!
Eugênia em 1853. Tela de Franz Xaver Winterhalter |
Ela dividia com Teresa Cristina do Brasil o epíteto de 'imperatiz arqueóloga' e além de fascinada por vestígios da antiguidade também o era por novas tecnologias. Esteve inclusive na inauguração do canal de Suez em 1869. Depois da morte de Loulou ela usou preto até o último dia de vida e vivia reclusa evitando jornalistas e fotógrafos. No entanto quis conhecer o dirigível de Santos Dumont e seu inventor pessoalmente e causou frisson. Disseram que mesmo estando com quase 80 anos, ela 'exibia os vestígios da impressionante beleza que fascinara o filho de Hortênsia de Beauharnais' (mãe de Napoleão III). Eugênia faleceu em 11/07/1920 aos 94 anos em Madri e está sepultada na cripta imperial da St Michael's Abbey, na Inglaterra, ao lado do filho e do marido.
FONTES: Wikipédia (em português, espanhol e inglês), blog "Historiando por aí", site do jornal "La opinión de Málaga" (em espanhol) e Google Imagens.
Quase cem anos de uma vida com muitas histórias pra contar. Algumas felizes, outras nem tanto. Na minha opinião sua vida merecia um filme (embora ela tenha sido retratada no filme Juarez, de 1939, como coadjuvante e seu chapéu tenha aparecido em outros filmes sendo usado por Greta Garbo e outras atrizes, nunca teve um filme sobre ela. Alguém devia pensar nisso...). Espero que tenham gostado da sua história. Voltarei em breve com mais histórias legais pra contar. Até mais, pessoal!
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