Imagem: blog 'Instituto Nzinga Mbandi'. |
Provavelmente nascida em 1780, Liberata foi comprada por José Vieira Rebello, morador do termo do Desterro (atual Florianópolis). Era constantemente assediada pelo seu senhor e ele, para conseguir seu intento, passou a prometer liberdade a ela. A escrava então passou a conceder favores sexuais a ele (obrigada) e teve dois filhos. O primeiro foi registrado e assumido como filho por Rebello mas o segundo não. Liberata tinha muito medo de Ana, filha de Rebello. Com a ajuda do pai a sinhazinha matou todos os filhos ilegítimos que ele havia tido com moradores da região. Depois a sorte pareceu lhe sorrir: disposta a mudar de vida ela arrumou um noivo que não só assumiria seus filhos como também pagaria por sua tão sonhada liberdade. Entretanto Rebello recusou a oferta. Liberata então tomou medidas drásticas: em 1813 ela entrou na Justiça contra seu senhor alegando que ele lhe prometera a alforria e não cumpriu. Mas porém contudo entretanto todavia a lei brasileira sempre teve brechas e Rebello a doou a seu enteado Floriano José Marques. Ele pensou que se a escrava não era mais dele não tinha porque cumprir a promessa. O processo durou até o ano seguinte quando Liberata acabou desistindo de levar adiante o processo e conseguiu realizar seu sonho. Reza a lenda que Floriano recebeu terras do padrasto em troca da libertação da escrava pois tinha muito pânico do escândalo de ver seus crimes com a filha serem expostos no tribunal. Então ela casou e teve dois filhos porém... a história acabou se repetindo. Não tendo como manter os pequenos José e Joaquina ela os deixou com o major Antônio Luís de Andrade para que os criasse e ensinasse o ofício de alfaiate ao varão. Todavia o major morreu e sua viúva tentou vender as crianças como escravas. Como tinham nascido livres os irmãos também entraram na Justiça e readquiriram sua liberdade. Ao longo do século XIX (entre 1808 e 1888) mais de 400 ações de liberdade foram movidas pelos cativos e mais da metade delas foi vencida por eles.
Imagem: Wikipédia. |
Há duas versões sobre a vida de Anastácia (embora sua existência seja colocada em dúvida pelos estudiosos):
A primeira é que sua mãe era uma princesa banto chamada Delminda. Ela foi escravizada e estuprada por seu senhor e engravidou. Nasceu Anastácia, que significa 'ressurreição' em grego. Era dotada de rara beleza, tinha olhos azuis e também poderes curativos. Foi bastante perseguida pelas mulheres brancas e também pelos homens que queriam ir pra cama com ela. A escrava sempre se negou pois queria se manter virgem. Era protegida por Joaquim Antônio, filho da senhora do engenho, que era apaixonado por ela. O rapaz inclusive se declarou a ela mas como ela o rejeitou seu amor se tornou ódio e ele mandou que lhe fosse colocada uma máscara de flandres que era tirada só para ela comer. Ela acabou adoecendo gravemente e morreu vítima de gangrena no pescoço e na boca. Mas antes ainda curou seu algoz de uma doença pulmonar grave. Desde então se espalharam pelo país relatos de curas e graças alcançadas por sua intercessão.
A segunda versão dá conta que a própria Anastácia era uma princesa banto. Desejada pelos homens e invejada prlas mulheres, foi amada e respeitada pelos outros escravos. Consta que trabalhava na lavoura e que um dia comeu um torrão de açúcar e foi vista pelo feitor. Ele a chamou de ladra e lhe pôs uma mordaça. A Sinhá Moça soube disso e mandou que lhe pusessem também uma gargantilha de ferro pois tinha medo que seu marido fosse mais um dos muitos desejosos de possuir a escrava. Um dia o filho do casal adoece e ninguém consegue curá-lo. Eles recorrem a quem? Quem? Anastácia, é claro! Ela o curou, entretanto já estava muito doente e morreu de gangrena. O feitor, a Sinhá Moça e o marido ficaram com tanto remorso que fizeram o velório dela na capela da fazenda, a declararam livre depois de morta e a enterraram na Igreja.
Há um santuário da Escrava Anastácia no RJ (Rua Taubaté, 42, Oswaldo Cruz).
FONTES: blogs Instituto Nzinga Mbandi e História Para Todos (com base em trabalhos de Keila Grinberg, historiadora e professora da Uni-Rio), Wikipédia (a enciclopédia livre) e site Sobrenatural.org.
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