Bem, vamos aos fatos: tudo começou quando o príncipe herdeiro passou a visitar regularmente seu primo Frederico de Áustria-Teschen. Ele e sua esposa Isabel de Croÿ achavam que FF estava interessado em sua filha Maria Cristina. Quando o casal descobriu o envolvimento dele com Sofia (dama-de-companhia de Isabel) isso gerou um baita de um escândalo. E não adiantou influentes como Nicolau II da Rússia, Guilherme II da Alemanha e nem mesmo o Papa Leão XIII intercederem em favor do casal: Francisco José I bateu o pé dizendo que nunca autorizaria o casamento e ponto final. Como seu sobrinho se recusava a casar com outra mulher e a estabilidade monárquica estava ficando ameaçada (raios e trovões sempre troavam em suas discussões, de acordo com o criado pessoal do imperador) o jeito foi ceder e dar permissão ao enlace. Claro que a coisa não seria assim tão simples: o apaixonado príncipe teve que assinar um documento com condições e mais condições. Dentre elas, Sofia nunca usaria o título de imperatriz nem seus filhos (Sofia, nascida em 1901; Maximiliano, nascido em 1902; Ernesto, nascido em 1904) teriam direito ao trono. Além disso ela não poderia aparecer em público ao lado do marido nem se sentar no camarote imperial. Mesmo quando recebeu o título de Duquesa de Hohenberg (1909) e o tratamento de Sua Alteza ela tinha que render precedência a todas as arquiduquesas (em suma, viveu um verdadeiro suplício). Ambos foram brutalmente assassinados por Gavrilo Princip em Sarajevo (Bósnia Herzegovina) em 1914, acontecimento tido como um dos estopins da I Guerra Mundial. Quando viu que a esposa estava morrendo, o arquiduque exlamou:
"Sopherl! Sopherl! Sterbe nicht! Bleibe am Leben für unsere Kinder!!!"
"Querida Sofia! Não morra! Fique viva para os nossos filhos!!!"
E o que dizer do cortejo fúnebre e do velório então? Só Jesus na causa: os caixões chegaram de madrugada sem nenhuma pompa e circunstância a Viena (e segundo alguns historiadores isso foi obra do príncipe Alfredo de Montenuovo) e depois de apenas 15 minutos de velório foram liberados para o enterro. Humilharam Sofia ao máximo: o caixão de FF foi colocado 20 cm mais alto que o da esposa e estava ornado com a espada cerimonial e tudo mais, enquanto o de Sofia tinha apenas um leque negro e luvas brancas, símbolos das damas-de-companhia da corte. Como sabia que a família nunca permitiria que a esposa fosse enterrada na cripta imperial o príncipe decidiu ainda em vida que ambos seriam enterrados na cripta do castelo de Artstetten. E assim aconteceu.
Maria Teresa de Bragança, cunhada de Francisco José I e 'mãedrasta' de Francisco Fernando |
A arquiduquesa foi, digamos, uma espécie de Cupido: buscou Sofia num convento em Praga, a hospedou em sua própria casa e cuidou dos preparativos do casório (insistindo que deveria acontecer na sua capela privada), sendo a única da família imperial que ficou do lado deles. Inclusive ela e suas duas filhas foram as únicas parentes do noivo que estiveram presentes no casamento. Manteve-se próxima do casal até sua morte e foi ela quem teve de dar às crianças a triste notícia do trágico assasinato dos pais. Se responsabilizou até por conseguir segurança financeira aos órfãos (a maior parte dos bens de FF acabou sendo herdada por seu sobrinho Carlos, que se tornaria imperador com o título de Carlos I da Áustria-Hungria) dizendo ao cunhado que se ele não o fizesse ela renunciaria à sua pensão em favor dos pequenos. Uma mãezona mesmo!
FONTE: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Complicado é pouco pra definir a história desses dois! Arrogância também. Não é qualquer casal que se manteria unido em tal situação... Mas como o amor tem uma força inexplicável os dois seguiram em frente sem medo das críticas e represálias (que não foram poucas). Mas os dois se mantiveram firmes, fortes e juntos até o - trágico - fim. Quanto a vocês: alguém suportaria tantas humilhações, continuando com a pessoa até o final em nome de um grande amor? Espero que tenham curtido essa seção de complicados. Até mais, pessoal!
Prezado Frank, boa noite
ResponderExcluirMuito boa sua matéria sobre o casal Francisco Ferdinando e Sofia, que "insistiram" em formar uma família e, conseguiram... lutando praticamente contra tudo e contra todos. É uma bela e verídica estória de amor, que infelizmente teve um fim trágico, onde ambos foram mortos por um covarde... e por questões políticas.
Os detalhes da luta do casal para ficar junto é efetivamente uma demonstração de que os casamentos entre pessoas da aristocracia, eram todos para atender interesses muito distantes do "amor verdadeiro"... que este casal buscava e por alguns anos permaneceram juntos.
Abraço,
Adolfo Bez Filho
Boa noite, Adolfo
ExcluirQue bom que você gostou. De todas as histórias de amor complicadas postadas, essa foi de longe a mais complicada de todas. Uma pena que os dois não tenham visto os filhos crescer... Os casamentos da aristocracia só tinham o interesse político e econômico. Amor? Isso era artigo de luxo! No entanto Franz Ferdinand e Sofia foram enfrentaram um mundo contra a fim pra concretizar seu amor.
Abraço,
Frank