sábado, 28 de junho de 2014

Histórias de amor complicadas: Vitória Melita e Cyril Vladimirovich

Olá a todos! Falemos hoje de uma história de amor complicada com toques de dramalhão mexicano: a dos primos Vitória Melita e Cyril Vladimirovich. Os percalços foram inúmeros mas eles lutaram pelo sentimento num tempo onde casar por amor era um luxo pra poucos, se casaram, tiveram filhos e... acho melhor acompanhar sem spoilers. A história deles parece coisa de ficção.

Vitória Melita de Saxe-Coburgo-Gota nasceu em Malta e era filha de Alfredo de Edimburgo e de Maria Alexandrovna Romanova. Tinha o apelido de 'Ducky' (patinha, em português). Era descrita como alta e morena com profundos olhos azuis (ou violetas, a depender da fonte).

Cyril Vladimirovich Romanov nasceu em Czarskoye Selo e era filho de Vladimir Alexandrovich e de Maria Pavlovna. Como neto direto de um czar tinha o status de Sua Alteza Imperial. Após a morte de Nicolau II, último imperador russo, e seu filho Alexis, ele se auto proclama 'Czar e Autocrata de Todas as Rússias'.

Ah, l'amour... L'amour c'est essentiel!

Bem, vamos aos fatos: o distinto casal se conheceu numa situação nem um pouco romântica: um enterro. A princesa havia ido à Rússia devido ao falecimento de Alexandra Georgievna, esposa do seu tio Paulo Alexandrovich. Foi atração à primeira vista mas tudo conspirava contra: a Igreja Ortodoxa Russa proibia o casamento entre primos de primeiro grau (a mãe dela era tia dele). E mesmo que permitisse a mãe dela era terminantemente contra pois não considerava os Romanov bons maridos. Então tratou-se de procurar um marido considerado adequado. Uma vez ela foi visitar a avó paterna, a rainha Vitória da Inglaterra, e essa visita coincidiu com a de seu primo pelo lado paterno Ernesto de Hesse (apelidado 'Ernie'). A monarca percebeu a afinidade entre os netos e começou a fantasiar com o casamento deles. E foi o que aconteceu, em 1894. Mas a união de Ducky e Ernie não seria um mar de rosas. Bem longe disso...

Ducky e Ernie no dia do seu casamento; a pequena Ella em 1901. Fotos: Wikipédia

A afinidade dos dois enquanto primos não foi a mesma enquanto cônjuges. Brigavam muito e era comum voarem xícaras, pratos e o que mais estivesse por perto (se duvidar até mesas) durante suas batalhas. Mas a gota d'água foi quando Melita (prefiro chamá-la assim pra não confundir com a avó) teria pego o marido na cama com um dos seus empregados! O casal se divorciou em 1901 e a guarda de sua filha Isabel (apelidada 'Ella') foi compartilhada por ambos os pais porém a menina preferia o pai. Ella morreu aos 8 anos em 1903 de febre tifoide (embora teorias conspiratórias sustentem que ela teria por engano comido uma refeição envenenada destinada a seu tio Nicolau II).

Depois de ver-se livre decidiu que era hora de ser realmente feliz e unir-se ao seu Cyril. Ele sobreviveu por muito pouco à Guerra Russo-Japonesa e só pensava em casar com a prima. Ah, l'amour... Claro que novamente as coisas não se mostrariam fáceis: ela era uma divorciada e o fato por si só era um grande escândalo. Além disso a mãe de Cyril o aconselhou que se ele quisesse ficar mesmo com a amada, que ficasse, porém jamais como esposa. Além do mais havia Alexandra, esposa do manipulável czar Nicolau II. Ela já não ia com a cara da prima antes e tratou de fazer a cabeça do marido contra a união. Tal e qual nos ideários românticos dos séculos 18 e 19 o amor prevaleceu e os pombinhos se casaram na cidade spa alemã de Tegernsee. Pense num escândalo e na revolta de Alexandra! Cyril foi simplesmente banido da Rússia e perdeu seu cargo nas Forças Armadas do país. Viveram na França e recebiam ajuda financeira dos pais. No exílio tiveram 2 filhas: Maria (nascida em Coburgo, na Alemanha) e Kira (nascida em Paris).

Melita, Cyril e os três filhos. Foto: Wikipédia

Mas porém contudo entretanto todavia, um acontecimento acabou mudando a vida do casal: várias mortes na família imperial fizeram o russo ser alçado ao posto de 3º na linha de sucessão ao trono. Imaginem a cara de satisfação de sua esposa olhando a ex-cunhada com aquela expressão de 'você vai ter que me engolir'... Com a I Guerra eles fugiram pra Finlândia (onde nasceu seu filho Vladimir) e depois exilaram-se em Coburgo e na França.

Em 1933 Melita descobriu que Cyril lhe havia sido infiel. Não se divorciou contudo não o perdoou. Ela ficou devastada, afinal foi difícil acreditar que o homem por quem ela brigou com meia família pra se casar havia enfeitado sua cabeça. Morreu com a mágoa da traição em 1936. Cyril morreu em 1938 com saudade da mulher de quem ele tanto dependeu. Essa é mais uma daquelas histórias que tinha tudo pra terminar como nos contos de fadas mas aqui não houve o 'felizes para sempre'. Traição é realmente difícil de engolir e ainda mais difícil de perdoar. Nessas horas a gente pensa se realmente existem casais perfeitos... Os primos tinham todas as ferramentas pra isso porém não foi o que ocorreu. Bem, espero que tenham gostado da história. Até mais, pessoal!

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