quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Gente que gostaríamos de ter conhecido: Chiune Sugihara

Olá a todos! Faz um tempo que iniciei essa sessão mas não a havia continuado depois de contar a incrível história de heroísmo do italiano Giorgio Perlasca. Hoje conto sobre o cônsul japonês Chiune Sugihara. Embarquem nessa viagem, vocês vão gostar!

Um heroi não celebrado: Esse homem salvou 6000 judeus. Ele era um diplomata japonês na Lituânia. Quando os nazistas começaram a cercar os judeus, Sugihara arriscou sua vida ao emitir vistos de viagem ilegais para judeus. Ele os escrevia à mão 18 horas por dia. O dia que seu consulado fechou e ele teve que evacuar, testemunhas afirmam que ele ainda escreveu vistos e os jogou fora do trem enquanto se afastava. Ele salvou 6000 judeus. O mundo não soube o que ele fez até que Israel o honrou em 1985, um ano antes de morrer.

O cônsul nasceu em 1900 numa família de samurais. Entre eles, valores como honra, obediência e patriotismo são valorizados ao extremo. Seu pai queria que ele estudasse medicina mas o na época jovem Sugihara queria estudar literatura e viajar o mundo. Em 1919 ele passou no exame para o Minstério das Relações Exteriores japonês, que o mandou para a China e lá aprendeu russo e alemão. Vinte anos depois (1939) o Japão o mandou a Kaunas, na Lituânia, onde ele (entre outras coisas) tinha que reportar sobre o movimento das tropas russas e alemãs.

Imagem: Wikipédia

Depois que a Alemanha invadiu a Polônia choveram famílias judaicas em Kaunas procurando Sugihara atrás de vistos. A Holanda topou ajudar a levar o pessoal às suas possessões na América (Suriname e Curaçao) pois essas estavam livres das ambições de Hitler e a Rússia concordou em dar passagem. A questão é que o acesso teria que ser via Oceano Pacífico. Então o cônsul telegrafou a seu país pedindo ajuda àquelas pessoas. Lógico que as coisas não foram tão simples assim: Tóquio proibiu o cônsul de emitir os vistos. O que ele fez? Simplesmente passou por cima das ordens do governo do seu país e continuou livrando judeus das patas garras dos nazi. Resposta do Japão:

"Absolutamente não. Sem exceções. Assunto encerrado".

E assim nosso heroi não se fez de rogado: depois de conversar com a esposa ele não deu a mínima às ordens de Tóquio e trabalhou incessantemente (ficando sem dormir e prejudicando até mesmo a própria saúde) na emissão desses documentos mesmo correndo risco de vida. E aí o bicho pegou: os soviéticos invadiram a Lituânia e ordenaram o fechamento do consulado! Mas ele convenceu os russos a deixarem que ele permanecesse no país por mais 20 dias. Mudou-se pra um hotel e de lá fabricou visto por cima de visto. Quando estava partindo da estação ainda jogou (segundo dizem) um monte deles carimbados e assinados pela janela do trem. Valia tudo pra salvar vidas.


Obviamente o Japão deu uma resposta enérgica diante de tamanha desobediência: despediu Sugihara de suas funções e ele teve que trabalhar como tradutor. Só em 1969 ele foi encontrado por um dos judeus que salvou. Apenas em 1985 ele foi homenageado com o prêmio Justo Entre as Nações mas não pôde ir a Israel pra receber a honraria pessoalmente por já estar velho e muito doente. Morreu no ano seguinte.

O que dizer de uma história como essa que não seja de bom? Ele simplesmente preferiu arriscar o pescoço a deixar que um monete de gente inocente fosse morta em campos de concentração passando pelas piores torturas e humilhações que você possa imaginar. Pessoas assim nos fazem acreditar que a humanidade ainda tem salvação... Enfim, espero que tenham gostado de conhecê-lo. Só um último detalhe: em sua lápide está escrito apenas seu prenome. E sabem o que significa Chiune? Acreditem ou não, significa 'mil novas vidas'. Até mais, pessoal!

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